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  • Writer's pictureTiago Franco

Quando bate aquela saudade

Hoje bateu aquela saudade de mochila às costas. Que porra!


Voltei há 4 meses e voltei feliz. Vivi intensamente a viagem, transformei a minha forma de olhar o mundo e a vida e quando voltei… voltei porque fazia sentido voltar e aquela era a minha hora. Estar aquele tempo fora foi dose. Estar num contexto cultural completamente diferente, com a mochila às costas para o que der e vier, a levar uns quantos murros no estômago de realidade e, acima de tudo, sozinho, foi como sair de um meu cantinho seguro do Mundo para a cratera de um vulcão em erupção. Vivia realizado a cada dia - os maiores dilemas passavam por “fico aqui mais uns dias ou sigo em frente?” mas, no fim de contas, acabava todos os dias com aquele sentimento de que estava a fazer algo por mim e que, mesmo que tudo corresse mal, um dia ia sempre olhar para trás com aquele orgulho que deixam os olhos a brilhar de nostalgia. Sentia que era único no mundo e que a minha identidade se espelhava a cada conversa aleatória que surgia do nada.


E agora… sou mais um. Nunca me senti tão “preso” à realidade como agora. O Tiago de agora é só mais um português no meio de 10 milhões, com um canudo na mão e (talvez isso seja mais raro) a fazer o que gosta. Mas aquela ideia de “e se tivesse arriscado e tivesse ido noutra aventura” permanece e intensifica-se a cada dia. Quero voltar a sair para construir um novo eu todas as manhãs. Podia fazer isso cá? Talvez, porque apesar dos meus dias não serem rotineiros, o meu meio envolve pessoas que ou 1. Viram-me crescer e conhecem-me de gema ou 2. Pessoas que contactaram comigo quase todos os dias nestes últimos meses e que já sabem o que é que a casa gasta. 


E hoje… já só quero voltar aqueles dias de comboio em que entrava numa cidade russa que parece o Japão para passar uns dias na fronteira com a Mongólia e continuar Rússia a dentro até chegar à Europa. Quero aquela adrenalina de sair da estação do comboio e pensar “o que é que esta cidade tem de novo e quem são estas pessoas?”. Porque por mais que tente… do Campo Grande à Baixa Chiado o máximo que pode mudar é o preço por m2 da renda. 


O Tiago especial de cada dia já não o é. E esta paragem por Lisboa veio para ficar. É difícil estar grato e feliz por voltar quando a minha cabeça ainda anda por aí. É difícil voltar à minha bolha e ser coerente com todos os valores e reflexões que trago na bagagem. E ainda mais difícil é gerir as expectativas que eu tenho sobre eu mesmo. 


Como se lida com esta ansiedade de estar em todos os sítios e não estar verdadeiramente em lado nenhum? Não sei. 

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