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  • Writer's pictureTiago Franco

100 dias de viagem

100 dias em viagem. Sozinho. Parti à aventura e nem sabia para onde me ia meter. Lembro-me de estar a fazer a escala em Londres e de pensar: devia marcar um hostel para hoje, só para ter uma segurança. Não sabia como funcionavam os tuk tuk, como sair do aeroporto, qual a taxa de conversão da moeda… não estava preparado. A minha irmã foi-me alertando que o dia se estava a aproximar e que eu me devia preparar, mas na verdade o que eu queria era aproveitar todos os momentos que ainda tinha para estar com os meus amigos e família.

Na verdade, esta viagem veio em péssima altura. Estava bem em Portugal: tinha o canudo, gostava da equipa com quem estava a trabalhar, estava a conviver diariamente com os melhores amigos que o secundário e faculdade me deram e as rotinas ainda não estavam assentes ao ponto de estar farto delas. Estava bem, estava feliz. Mas (e há sempre um mas…) não é todos os dias que uma faculdade te dá 5000€ para viajar o Mundo – esta era a oportunidade que tinha de agarrar com todas as forças.

Agora, 100 dias passados, percebo que essa rotina pode voltar dentro de uns meses e que esta pausa me está a fazer crescer de tal forma que sinto que todos os dias estou um Franco diferente e melhor (espero eu). Encontrei um equilíbrio tal que nunca me senti tão bem comigo próprio, com as minhas falhas e valências. Acredito que a viagem me está a fazer olhar mais para quem me rodeia e isso torna-me mais humilde e grato.

Se formos pelas redes sociais, parece que estou sempre bem, e que, no geral, todos os viajantes explodem de energia e felicidade todos os dias. Não sei quanto a eles, mas eu tenho dias maus. Cada vez são menos e em mim tenho já estratégias para os controlar, mas existem. Existe aquele dia em que só queres fazer uma vídeo-chamada mas o fuso horário só permite que se façam ao fim-de-semana. Existe aquele outro em que esperas uma mensagem de algum amigo e não vem nenhuma. E, claro, existe sempre aquele dia em que todas as forças do mal te vão assombrando e tudo corre do avesso.

Mas, como a minha tia diz, tenho uma estrela que me acompanha. Dizem que a sorte protege os audazes e dou por mim a pensar na quantidade de coincidências que já tive. Aqui vai um exemplo: na semana passada esteve a nevar todos os dias nos Himalaias. Resolvi ir sozinho para as montanhas na mesma e, em mim, decidi que quando fosse perigoso parava e ficava uns dias a apreciar a paisagem. Pois bem, na manhã em que cheguei ao topo, fez um sol abrasador e todas as montanhas estavam cobertas de neve, num cenário pitoresco! E assim que cheguei lá abaixo, voltou o vento, a chuva e, novamente, a neve e nenhum outro arriscou subir. Valeu a pena acordar às 5h00.

Estou feliz. Foram 100 dias de muita felicidade acumulada. Aos 200 já devo saber o que mudou em mim (se é que algo vai efetivamente mudar), mas hoje celebro como posso porque, amanhã, vou a caminho do maior desafio da viagem – um curso de meditação Vipassana!

PS: Coincidência das coincidências, hoje que celebro os 100 dias de viagem, o hostel fez um barbecue especial porque, também hoje, se celebra o ano novo nepalês. Feliz 2076! Obrigado por mais esta, estrela.

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